Prenda de Natal


No mês de Dezembro e com a aproximação das festas natalicias, costumo ficar um pouco melancólica. Vejo toda a hipócrisia, todo o consumismo desta sociedade que se diz em crise, mas nesta altura, não olha a preços e compram, compram, nem que passem o ano seguinte a pagar as dívidas.

A magia do Natal, senti-a quando criança, pois em casa dos meus pais a época era festejada a preceito; mesa farta, o ritual de pôr o sapatinho junto à chaminé à espera do menino Jesus, o abrir das prendas... Gostava de ser criança de novo para reviver essas sensações...Voltamos a senti-las mas de outro modo, quando somos pais... Tentamos proporcionar momentos mágicos aos nossos filhos e revivemos...mas eles crescem e vêm nos dar a novidade que o Pai Natal não existe... Existe, sim, nos nossos corações!

Nesta altura em especial, lembro-me de todos os que partiram. Tento dar um mimo a todos, mas este ano estou desiludida com a vida...Farto-me de pedir desculpa aos meus filhos, mas não sinto este Natal...

 

Desamor


Tenho no ouvido a musica do Martinho da Vila, no tema "Mulheres"... Podia muito bem cantá-lo com o titulo oposto "Homens", pois em tudo se enquadra comigo, (menos nas cores)

""Já tive mulheres de todas as cores
de várias idades de muitos amores
Com umas até certo tempo fiquei
Prá outras apenas um pouco me dei...
Já tive mulheres do tipo atrevida
Do tipo acanhada do tipo vivida
Casada carente solteira feliz
Já tive donzela e até meretriz...
Mulheres cabeça e desequilibradas
Mulheres confusas de guerra e de paz
Mas nenhuma delas
Me fez tão feliz como você me faz...
Procurei em todas as mulheres, a felicidade
Mas eu não encontrei, e fiquei na saudade
Foi começando bem mas tudo teve um fim...
Você é
O sol da minha vida, a minha vontade
Você não é mentira,você é verdade
É tudo o que um dia eu sonhei prá mim...""

Também, não é bem assim, pois eu não te queria assim, nem era uma relação assim que eu sonhava... Ninguém me mandou ser sonhadora , mas sempre fui...e isso às vezes causou-me alguns dissabores. Hoje sou mais fria e realista...tão depressa me emociono com uma musica ou com a beleza de uma paisagem, como não tenho qualquer tipo de emoção a um carinho teu, ou a alguma das histórias que oiço, por muito emocionante que seja... Muita coisa deixou de ter significado, para mim...por ver que muita coisa não passa de uma encenação... Não sou a mesma, reconheço, mas não se trata de doença ou algo assim...
É apenas desamor!,,,

Sou feliz...


Às vezes dou comigo a pensar em coisas da minha infância e invadem-me os mais variados sentimentos...
Ultimamente tenho tido sonhos muito realistas, vejo-me nos sitios que conheci e não existem mais... Acordo feliz e ao mesmo tempo com uma saudade enorme daqueles tempos que não voltam mais.
Tento transmitir os cheiros, saberes e sabores aos meus filhos...eles são a continuação de mim...
Quero que eles sejam mais felizes do que eu fui, e que sintam algumas sensações que eu senti que me ficaram para a vida...Que dêem valor a pequenos gestos, sejam sensíveis ao choro de uma criança, ao apelo de um idoso...Que não tenham pejo em dar, nem que seja numa atitude transmitir felicidade aos outros, pois só assim seremos felizes também...mas que não tenham vergonha quando alguém lhes diz que estão "armados" em samaritanos... Essa frase feita, encaixa-se em quem não sabe fazer por si, nem sabe o sabor da felicidade de ver os outros felizes. Não vamos mudar o mundo, mas podemos mudar o dia de uma pessoa, e dar-lhe um sorriso...Não custa dar...
Para mim a felicidade passa pela felicidade dos outros , principalmente pela que eu possa proporcionar...
Nada me faz mais feliz do que sentir o cheiro de uma manhã de Primavera, dar carinho e conseguir um sorriso de alguém.
Nos dias de hoje, em que não há tempo para nada, muitos valores se desvanecem... Não há tempo para ser pai ou mãe...nem para ser filho ou neto...Não há tempo! Depois curam-se as mazelas afectivas em psicólogos e psiquiátras, como se fossem eles a "cura", para as carencias afectivas...
Ó triste ser humano... Cada vez mais distânciado dos seus, a troco de uma boa casa e um bom carro! Depois de um bom emprego para sustentar isso tudo...O emprego que leva o tempo todo, sem deixar um pouco para os filhos...
A vida é efemere e não se levam bens materiais para o além...
Por isso, sou pobre, mas mais rica do qualquer um...
Tenho o carinho dos meus filhos, beijos sem fim, e ainda dou colo, mesmo aos grandes... Tenho um marido presente, que está sempre que preciso dele seja para o que fôr...e umas velhinhas que me enchem a face de beijos lambuzados, tesouros bem guardados, aos quais dou muito valor...Às vezes ando de mal comigo...mas é culpa de um passado que teima em não apagar da minha memória...Mas mesmo assim, o balanço é positivo...
Sou feliz, apesar de tudo!


 

Download por Bola Oito e Anderssauro